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Uma História do Amor

Idade média.

Ele consultou o gnômon (relógio de sol) e enviou o pombo mensageiro, que ao chegar, marcando o encontro, encheu o coração dela de alegria. No dia aguardado ela virou a ampulheta e se pôs a pentear as madeixas, escolhendo veste azul que lhe cobriria todo o corpo enquanto ansiava pelo momento de ver surgir a charrete que o traria. Com a tocha ela iluminaria a silhueta dele, que chegaria em seus trajes elegantes encimados por chapéu bycocket, com a música dos alaúdes tocando ao longe para o encontro de amor e o beijo saudoso.

Idade moderna.

Ao fim do beijo tão aguardado, conversaram sobre sua angustiante situação, prometidos por suas famílias a outras pessoas, não viam futuro, senão juntos. Sob luz de lamparinas, ela, tal qual a moça na pintura, usava brinco de pérola, estava perfumada e trajando vestido refinado, tingido em vermelho extraído de Pau Brasil. Ele consultando, tenso, seu relógio de bolso. Juntos tomaram Caravela e partiram para o novo mundo, ouvindo em seus corações apaixonados a música A Arte da Fuga, de Bach. Aportaram na Baía de Guanabara…

Idade Contemporânea.

…Em um Rio de Janeiro que ganhava a luz elétrica. Lá viveram lutas e felicidades, sempre unidos e parceiros, até que vieram em seu encalço, pelos barcos a vapor, investigadores que telegrafaram a seus parentes onde eles estavam. A pretexto de salvar suas finanças com os acordos de matrimônios dantes firmados, suas famílias os sequestraram de volta à Europa, pondo fim ao seu Grande Amor. Cada qual em seu casamento sem amor, sem saber ouviam juntos Vivaldi, o inverno de As Quatro Estações.

Hoje.

Sem saber, perdidos um do outro, pressionam o botão do celular ou mandam seu assistente virtual calar Vivald, chega de invernos e de sofrer por caminhos que não são seus. Divorciam-se e tomam jatos de volta ao Brasil! Apaixonados por livros, são arrebatados pela mão do destino que os reúne em uma Bienal de São Paulo. Ele de camiseta com caneta antiga de pena no peito, ela de acetinada camisa azul salpicada de constelações de bolinhas, ambos de jeans. Dali se reencontram, palavra por palavra, em um jantar à luz de velas, flutuando ao som de violinos.

E, com Amor, beijaram-se através dos tempos!

Feliz Dia dos Namorados!

Sobre os autores: Wagner RMS & Bianca Matos.

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