O consagrado Torto Arado, do escritor baiano Itamar Vieira Junior, vem colecionando críticas entusiasmadas e vários prêmios. Primeiro o Prêmio Leya de Literatura, em Portugal, onde a partir dele o livro foi publicado em 2019, depois em 2020, o Prêmio Jabuti de Romance Literário e o Prêmio Oceanos de Literatura.
O romance inspirado nas pesquisas acadêmicas do autor e suas vivências no sertão baiano está no topo dos mais vendidos e se tornou um best-seller, algo realmente a se comemorar e valorizar para um livro nacional.
Inspirado nos grandes clássicos nacionais de 1930, 1940 o romance se passa “no Brasil profundo” como o autor gosta de citar, na região da Chapada Diamantina, Bahia, sem determinar exatamente uma época, mas que fala sobre um Brasil ancestral que se mantem ainda inalterado e padece das mesmas mazelas e injustiças, numa estrutura social de opressão e segregação. Com uma linguagem vertiginosa e poética, mas sem o excesso do regionalismo clássico, Itamar aproxima o leitor do narrador e o insere com mais profundidade na história das duas irmãs Bibiana e Belonísia.
Tudo se inicia nas profundezas do sertão baiano quando as irmãs encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. Ocorre então um acidente, no qual uma das irmãs perde a voz. A partir daí suas vidas ficam ligadas para sempre, a ponto de uma precisar ser a voz da outra. A história segue dividida em três partes: “Fio de corte”, narrada por Bibiana; “Torto arado”, na visão de Belonísia; e “Rio de sangue”, que apresenta uma surpresa narrativa. Através dessas vozes, as vezes mudas cria-se um mosaico de vivências, entremeadas por violências, fome, seca, e sobretudo das perdas e do medo. É uma história de injustiças, luta e união.
Mais sobre o autor: Tadeu Loppara.
Entrevista Roda Viva: