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♫ Um Holograma Locomove Muito a Gente… ♫

| Última alteração: 14/02/2022 |

Olá! Sou o Wagner RMS, escrevo ficção científica por paixão a Arte de contar histórias, somada ao fascínio pelo Universo extraordinário em que vivemos e todas as possibilidades que isso inclui!

Estou feliz que você tenha me acompanhado nesta série de três artigos sobre possibilidades científicas de viagens mais rápidas que a luz (MRL) que possam nos levar às estrelas e que sejam úteis se você quer escrever ficção científica sobre jornadas além do nosso sistema solar.

E, nos episódios anteriores…

Primeiro conversamos um pouquinho sobre a complexidade, na real, dos voos espaciais, em especial naquelas que envolvem viagens entre sistemas estelares.

Mostrei a você um de meus (vários) defeitos ao publicar minha descarada, mas a meu ver bem embasada, implicância com viagens ficcionais pelo hiperespaço.

Batemos altos papos sobre uma alternativa melhor, o uso de bolhas de dobra espacial, conforme primeiro teorizou o físico mexicano Miguel Alcubierre, e emendamos nossa agradável prosa com as interessantes Pontes de Einstein-Rosen, vulgarmente conhecidas como buracos de minhoca, tipo Stargate, lembra?

De lá para cá diversos artigos nacionais e internacionais sobre o tema surgiram, e outras pesquisas científicas mostraram que as limitações iniciais, como o uso de matéria exótica e energias negativas, coisas mais pertencentes ao mundo da ficção que da física eisnteiniana, não são insubstituíveis, mais recentemente um novo estudo do físico Erik Lentz, da Universidade de Göttingen, na Alemanha, sugere existir uma possibilidade de criar a Bolha de Dobra de Alcubierre sem recursos que não fossem aprovados por Einstein, fazendo uso de ondas previstas matematicamente chamadas solitons, deixando-nos apenas o desafio de conseguir fazer isso sem usar quantidades tão grandes de energia que seriam impossíveis de serem produzidas com a tecnologia que conhecemos.

As negociações entre nós, terrestres, e nossas factíveis explorações da imensidão cósmica continuam, e podemos acrescentar, agora, mais uma forma de viagem MRL a este leque de oportunidades para nossa literatura de FC em sua jornada pelo Universo.

Nós Somos O Show de Truman!

Existem estudos, que me parecem conter base sólida, que remetem a possibilidade de que o Universo não seja exatamente aquilo que percebemos pelos nossos sentidos humanos.

Você vê um pôr do sol, eu vejo exatamente o mesmo pôr do Sol, é um belo pôr do sol para nós, humanos. Para o Universo é a interação gravitacional e eletromagnética entre uma grande fornalha de plasma esférica (Sol) e uma pedra arredondada e úmida (Terra).

Tatooine e seu(s) pôr(es) do(s) Sol(Sóis) pra mostrar que o que é extraordinário para você é o “de sempre” para o Luke. Imagina, então, como será o ponto de vista do Universo? Star Wars Mandaloriano e suas imagens são © Disney.

Numa escala maior, o Universo pode ser assim, pode ser algo bem mais complexo do que tudo o que podemos enxergar e imaginar em nosso dia a dia.

Ainda quando a Teoria das Cordas era o que havia de mais quente na física cosmológica, em meados dos anos 90, o físico holandês Gerardus ‘t Hooft criou, e o também físico norte-americano Leonard Susskind desenvolveu o Princípio Holográfico, por meio do qual qualquer volume finito de espaço (uma esfera, por exemplo) pode ter tudo em seu interior (de objetos 3D a eventos e interações) codificado em sua superfície, de forma bidimensional.

A Teoria das Cordas não anda mais tão bem das pernas, creio, pois não conseguiu gerar previsões verificáveis e isto é fundamental para a longevidade de uma teoria científica, e embora ela seja fundamental para a construção Holográfica inicial proposta por Gerardus e Leonard, não a limita como todas as teorias científicas não são limitadas umas pelas outras ou por suas suposições iniciais, tanto que não é incomum na comunidade científica se recorrer a conceitos de outras vertentes investigativas para tentar tratar descobertas mais recentes.

Então, se aplicamos o Princípio Holográfico ao nosso Universo, temos que este pode ser descrito como um buraco negro em cujo horizonte de eventos existimos de fato, mas a partir dessa membrana 2D esférica somos “projetados” para o centro, para a singularidade deste buraco negro, e ali nos percebemos, em nosso dia a dia, como criaturas ilusoriamente 3D.

Se o Princípio Holográfico estiver correto, seu endereço real é ali, ó, logo depois do disco de acreção, na esquina com o horizonte de eventos. Animação do buraco negro e seu disco de acreção são © NASA´s Goddard Space Flight Center.

Algo como pegar uma bola de vidro perfeitamente esférica e transparente, e codificar aranhões (2D) em sua superfície que, ao serem iluminados de todos os lados, vão gerar uma sombra (3D) em seu centro… uma metáfora meio forçada, mas creio que você entendeu: como desenhos animados que parecem tridimensionais, mas na verdade são uma sucessão de artes bidimensionais, nós parecemos ter volume, mas somos dados 2D escritos lááááá longe, na membrana que talvez separe nosso Universo do Multiverso.

Nossas vidas tridimensionais são mera ilusão.

Que Diabos Eu Ser Desenhado em Folha de Acetato Tem a Ver Com Viagens MRL?

Isso não é obvio? — Diria o Doutor Sheldon Cooper, anteriormente mencionado.

Supondo que nosso Universo seja de fato um holograma, então somos projeções ilusórias quanto à nossa massa e volume corpóreos, e dependemos das funções matemáticas que nos descrevem na membrana externa de nosso Universo para estarmos em determinado ponto do espaço-tempo aqui dentro do Universo, fazendo algo como ler este artigo no nosso celular, enquanto, por exemplo, jantamos no agradável Restaurante O Raposo, na Rua Miguel Bombarda 10, Cuba, Portugal, Europa, planeta Terra.

Coordenadas. Pegou?

Fora da ficção científica nós somos iguais a esta imagem? Uma figura chapada que parece ter volume. Gif art é © Adam Pizurny.

Altere a parte desses códigos (nós) na superfície do Universo que corresponde ao nosso posicionamento aqui dentro da Posição A para a Posição B e instantaneamente nós passamos da Posição A para a Posição B.

Não importando que a Posição A seja no simpático restaurante português e a Posição B seja em Próxima B, um exoplaneta girando em torno da estrela Próxima do Centauro, que está a cerca de 4,37 anos-luz, ou 41.343.259.000.000 km, distante do restaurante O Raposo.

Não importando que a Posição A seja numa ponta e a Posição B seja na ponta oposta do Universo. Alterou nossas coordenadas de localização e deixamos de existir em A e passamos a existir em B.

Pensa rápido, como mudar essas coordenadas?

Como mudar propriedades ultra fundamentais de uma porção de matéria?

Ora, bolas, eu não sei, mas como escritor de ficção científica posso conjecturar, não?

No final de 2020 o físico e engenheiro aeroespacial Larry M. Silverberg, da Universidade Estadual da Carolina do Norte, e seu colega Jeffrey Eischen, também físico e engenheiro aeroespacial da NCSU, propuseram que além dos átomos que compõem a matéria e além dos quarks que compõem os átomos há algo ainda mais fundamental, algo que tem características tanto de partículas (prótons, por exemplo) quanto de ondas (luz, por exemplo), que eles chamaram de Fragmento de Energia.

Se tudo fosse de fato composto por estes fragmentos de energia, então a matemática que os descreve deveria poder descrever tanto eventos cósmicos imensos quanto eventos subatômicos. Silverberg e Eischen demonstraram que seus componentes fundamentais de tudo, os fragmentos de energia, explicam ambos os eventos com perfeição, ao contrário das teorias atuais que se dividem, a Relatividade prevendo o que acontece no mundo macroscópico e a Quântica que descreve os acontecimentos no mundo microscópico.

E se, imagino, em minha perniciosa mente de escritor, essa teoria estiver indo na direção certa? E se tais fragmentos de energia são a própria matemática com a qual somos codificados? Se estes fragmentos de energia, daqui há alguns anos, puderem ser descritos como resultado da ressonância dos dados no horizonte de eventos de um buraco negro com sua singularidade? Talvez essa ressonância possa ocorrer por meio do Campo de Higgs, que atualmente, na física de partículas, é tido como responsável por dar massa às outras partículas.

Indo Aonde Ninguém Pode Ir Ainda! De Primeira Classe.

Então, escreveremos nossa ficção científica mostrando em um futuro não tão distante quanto agora supomos, um imenso cilindro poderá estar em órbita da Terra.

Verdadeira nave interestelar, tal artefato será rotatório em seu eixo mais longo, para gerar gravidade artificial em sua superfície interna, onde existem pequenas cidades, habitadas por seus tripulantes.

Os computadores a bordo da espaçonave cilíndrica calculam a posição, em tempo real, do planeta Próxima B no sistema estelar Próxima do Centauro, e informam esses dados para grandes torres na proa e na popa do veículo, que conectam ao habitáculo giratório dois anéis com algumas centenas de metros de raio cada um. Esses anéis vão interagir com o Campo de Higgs local e, através deste campo, alcançam e alteram as coordenadas que definem a posição da nave da posição atual, próxima da Terra, para a posição do planeta Próxima B.

Mas os Anéis de Realocação não mudam o grande cilindro habitado por centenas de vidas, claro, sem antes, por meio do próprio Campo de Higgs, sondar o ponto de chegada. Se qualquer coisa mais tênue do que nuvens de gás estiverem no alvo, este é movido algumas centenas de metros de cada vez, até que se encontre um lugar vazio onde realocar a grande nave.

O gato Schrödinger, fã de ficção científica e mascote da coluna Supernova, usou um de seus superpoderes (teleportar) para mostrar como seria a viagem entre a Terra (caixa ao lado esquerdo) para a estrela vizinha Próxima do Centauro (lado direito). Tire os efeitos especiais (ah, não!) e é isso aí, num estalo você viaja quase 5 anos-luz! Na verdade, nossa viagem seria parecida com o momento em que a caixa volta da direita para a esquerda, instantaneamente. Sem graça, mas eficiente. A animação da caixa se teleportando é © Ryvanc.

Assim, em seus livros nacionais de ficção científica, os descendentes da humanidade povoam o Universo, e nós chegamos ao fim desta nossa primeira viagem em busca de um casamento entre ficção e ciência que seja sólido e ao mesmo tempo divertido.

Muuuuito obrigado por ter me acompanhado até aqui, em breve poderemos conversar sobre viagens no tempo, primeiros contatos, invasões alienígenas, enfim, o que quisermos, o céu não nos limita, apenas uma boa narrativa nos norteia!

Ad Astra Et Ultra, p-p-p-pessoal!

Sobre o autor: Wagner RMS.

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