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Autores Nacionais. Ler ou não ler?

| Última alteração: 07/04/2021 |

É indiscutível que o consumo de livros internacionais no Brasil é expressivamente maior do que os nacionais e isso me gera uma pergunta: Por que disso?

De longe temos autores excepcionais e nossa literatura (brasileira) está recheada de talentos e, embora o mercado comece a acolher cada vez mais esses escritores, isso ainda me parece um crescimento a passos de tartaruga. Mesmo as editoras priorizam autores estrangeiros e, a não ser que o brasileiro seja um best-seller, ela não demonstra interesse algum em produzir sua obra.

Pesquisando mais e mais, descobri que muitos de nossos autores, tentando alcançar o público que leiam seus livros, e para isso criam histórias que se passam em outros solos, como países do hemisfério norte da América ou europeu, além disso, suas capas carregam bagagens ou se assemelham às gringas e o conteúdo é repleto de outras culturas.

Fazendo uma reflexão de mim mesmo, percebi que estava na mesma cilada. Tive que quebrar paradigmas para me envolver mais com a literatura nacional e, de antemão, informo que “curti”.

Li livros da Juliana Feliz – As Cinzas de Altivez, Pietro Abbate – Elos de Areia, Raphael Fraeman – Krystallo, Fernando Pissuto Trevisan – Herdeiros da Lenda e de nosso estimado Tadeu Loppara – Quãm e os Indícios Mortais, além outros, conhecidos ou não.

Também existem alguns por ler, em especial dos mestres Wagner RMS, Júlio César Bueno, Bruno Daniel e das autoras Bárbara Gouvêa, Mione Le Fay e Karina Camargo.

Valorizar a cultura nacional é respeitar e admirar aquilo que produzimos mais peto de nós. É reconhecer e igualar a capacidade intelectual de todos nós como humanos e dizer para si e outros que acredita na literatura nacional como uma poderosa ferramenta de transformação.

Vamos apreciar mais livros escritos por autores brasileiros e, com isso, nos empenhar para comprar de Editoras que publicam autores nacionais.

Falando sobre isso, volto à pergunta inicial: Por que consumimos mais livros estrangeiros?

Esses livros tem uma carga de investimento em marketing grande, além disso, as editoras internacionais, diferentes das nossas, em sua maioria, acreditam no potencial de seus autores e os divulgam, elevando seus nomes e suas obras que chegam para nós, já em destaque.         

Então, afinal, por que deixamos de ler nossa literatura e valorizar os nossos autores?

A resposta está diante de nossos olhos… Basta saber agora… Qual será sua atitude frente ao autor nacional que, apesar de ter a mesma capacidade que qualquer outro autor internacional, não tem recursos de editoras para os divulgar.

Qual estrada seguir… É com você, meu caro leitor.

Sobre o autor: PEN Bortolotti.

Espalhe seu amor pela arte e por nossa literatura:

4 comentários em “Autores Nacionais. Ler ou não ler?”

  1. Vos sempre falam a mesma coisa, mas esquecem de livros brasileiros de altíssima qualidade.
    Francisco Candido Xavier.
    Ele por acaso não é brasileiro? Ah…é porque ele escreve sobre espíritos.
    Ao meu ver…livro sobre o espiritismo não faz parte da contagem.
    Desculpe-me se estou “meio irritada” , mas sempre li muito e sempre percebi essa diferença que fazem com esses escritores brasileiros.
    Pensem nisso…
    Obrigada, um abraço.

    1. Olá, Maria, muito obrigado por comentar e expressar sua importante opinião. Sem sombra de dúvida os livros de origem religiosa são parte fundamental da narrativa da humanidade e de nosso país, e merecem todo o nosso respeito e consideração, mas ocorre que o foco maior da Fraternidade de Escritores (e deste artigo) é a literatura popular contemporânea, a onda atual e mais “pop” de nossa literatura, que também é parte importante da narrativa cultural de qualquer povo hoje, por isso um autor prolífico em sua obra e gênero, como Francisco Cândido Xavier, não foi citado.

      O autor deste artigo, nosso fraterno escritor PEN Bortolotti, pediu que lhe encaminhássemos sua resposta particular, a seguir:

      “Prezada Maria, não há do que se desculpar, sua avaliação é valiosa para nos fortalecer e desde já te agradeço. A Fraternidade de Escritores não tem credo ou crença e seu intuito é divulgar, em sua maior parte, romances, e desses em especial os contemporâneos, além de contribuir com dicas para escritores e leitores. Não obstante, diferente de romances, livros religiosos de forma geral têm maior adesão e interesses das editoras nacionais, diferente dos poucos que menciono acima. Atenciosamente e sempre a seu dispor, PEN Bortolotti”.

      E o mesmo dizemos todos da Fraternidade, estamos a seu dispor no que tange a nossa arte e cultura nacionais. Grande abraço, toda saúde e sucesso para você e sua família.

  2. Caríssimo Mestre PEN Bortolotti, agradeço muito a menção a meu trabalho, e o privilégio de estar em tua lista de leitura, grato!

    Como disse em um comentário que fiz ao excelente artigo de nosso fraterno autor Mestre Júlio César Bueno, que pode ser lido em [ https://fratescritores.com.br/porque-os-escritores-brasileiros-devem-jogar-stephen-king-no-lixo/ ] acredito que precisamos absorver um conceito que muitos gringos já têm no sangue: de que investir no “nosso” é investir em si mesmo.

    Tenho essa percepção também que você comenta: que não há mais diferença visível de qualidade entre a escrita contemporânea popular estrangeira e a nacional, pelo contrário, em alguns casos é possível ver claramente que o autor nacional, obrigado a “acertar de primeira” sempre, acaba até mesmo superando a média internacional.

    Percebo também, entre leitoras e leitores nacionais, a necessidade de surfar sempre uma “hype”, ou, em termos antropológicos, creio, a necessidade de pertencimento à manada, ao cardume. O que lá fora é um dos fenômenos da massa humana de consumidores de entretenimento, aqui me parece ser o veio principal, as pessoas em sua maioria não leem mais pelo prazer de ler algo que as divirta e faça refletir, e somente quando têm gosto pelo “pop” curtem fazer parte de grupos entusiasmados. No Brasil, tenho essa impressão, as pessoas precisam cada vez mais fazer parte dos que possuem (algumas vezes sem nem ler, ou lendo sem absorver de fato) o “livro do qual todos estão falando”. É uma versão do que eu apelido de “FLA x FLU”, com todo respeito ao futebol, que predomina na América Latina, me parece: fazer parte de um “time” entusiasmado é mais importante até mesmo do que o esporte em si. “Gritar” que se faz parte de algo que muita gente chama de importante se torna mais necessário do que construir algo realmente importante. Nem todos pensam assim, claro! Mas tenho essa sensação, que eu gostaria de confirmar ou refutar com as pessoas a minha volta interessadas no assunto, que nosso Mercado Criativo nacional não se consolida e democratiza por “n” problemas, politicagens, favoritismos, ultra centralização de renda, massacrante marketing gringo, compreensível necessidade de lucro das editoras nacionais, etc., mas também e talvez fortemente por essa imatura postura de muitas de nossas leitoras e leitores (nós, muitas vezes, inclusos): não tem valor o que tem qualidade/profundidade, mas sim o que gera “hype”, quando o entusiasmo deveria ser consequência de valor real, intrínseco.

    Reverter essa balança é parte de nosso tremendo trabalho.

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